Congregação: Filhos de Maria Imaculada – Pavonianos

História da Basílica

SANTUÁRIO-BASÍLICA DE SANTO ANTÔNIO

Os afrescos da Basílica de Santo Antônio
“A todos aqueles que apaixonadamente procuram novas « epifanias » da beleza para oferecê-las ao mundo como criação artística.”
(João Paulo II aos artistas)

Quem entra na Basílica de Santo Antônio não pode deixar de olhar para o alto e contemplar suas belas pinturas. A construção do Santuário teve início em 1956, e foi finalizada em 1976. Ele possui quatro semi-cúpulas, uma cúpula central e sua base tem forma de cruz grega, isto é, todos os braços têm o mesmo tamanho. Sua construção foi inspirada na arquitetura italiana renascentista da Igreja Nossa Senhora da Consolação, em Todi, Itália Central.

Nos anos 1995-97-99 e 2002 contamos com a presença do pintor italiano Alberto Bogani, que com a ajuda dos dois colegas artistas, Lino Borghi e Renzo Buonvicini, “embelezaram as paredes internas da agora ‘Basílica de Santo Antônio’ com aquele estupendo conjunto de pinturas que alegram a vista, elevam o coração e envolvem a mente na meditação dos principais mistérios da Redenção de Jesus Cristo”, conforme nos conta padre Roberto Camillato.

                                                                                                                                                                          Autoria da Fotografia:Luciana Cabral Costa Santos

Alberto Bogani inseriu na pintura sua grande experiência em afrescos, sobretudo de igrejas. As figuras por ele pintadas são caracterizadas por um forte realismo dos movimentos. O conjunto se baseia em uma composição robusta, de plasticidade escultural, porém, nos painéis há uma imobilidade monumental nos seus afrescos devocionais. Usa o entrelaçamento de linhas e deixa flutuar faixas coloridas que nos recordam as lições de Boccioni, primeiro futurista.
A cúpula central, com 37 metros de altura, traz no centro a pintura de padre Ludovico Pavoni, fundador da congregação Pavonianos. Do lado esquerdo do presbitério temos o painel “Nascimento de Cristo” e do lado direito o painel “Ressureição de Jesus”.
Outros painéis pintados nas paredes da igreja retratam cenas da Bíblia como Anunciação, Santa Ceia, Crucificação e Pentecostes. Os vitrais, assim como a grande cruz do “Cristo Moribundo” são do artista italiano Carlos Crépaz, que viveu em Vitória.
Em 2008, o Vaticano concedeu ao Santuário de Santo Antônio o título de ‘Basílica’, do grego “A casa do Rei”. Hoje, “trata-se de um título honorífico que o Vaticano concede a alguns templos católicos, localizados em qualquer parte do mundo, que se distinguem pela beleza artística, pela transmissão da fé e pela vivência cristã.

 

“Vale a pena conferir pessoalmente e contemplar esta beleza tão perto de nós!”

Raquel Tonini
Membro da Comissão de Arte Sacra da Arquidiocese de Vitória e Grupo de Reflexão do Setor Espaço Celebrativo da Comissão Litúrgica da CNBB

 

A Basílica- Santuário de Santo Antônio

No começo do século XVI iniciou-se em Todi (um Município italiano da região da Úmbria, Província de Perugia, no centro da Itália) a imponente construção do Templo de Nossa Senhora da Consolação. O Templo é um dos exemplos de igreja renascentista mais importante, com uma cruz grega, isto é com os lados da cruz do mesmo tamanho. Como o vemos hoje é o resultado de um longo processo de construção e, portanto, não é apenas o passo decisivo do projeto inicial de Bramante. O projeto se assemelha ao da Basílica de São Pedro, para o qual Bramante tinha fornecido o projeto com um plano central de igreja e é a obra que melhor reflete as suas concepções de estilo. De fato, São Pedro foi projetada por Bramante, embora o projeto final (que consistia no projeto inicial, mais algumas alterações entre as quais a mudança em cruz latina) seja da autoria de Michelangelo. A posição periférica onde seria construída a Igreja tinha a vantagem de apresentar Todi como um objeto de destaque já visível à distância. Quase cem anos foram necessários para concluir a grandiosa e harmônica construção.

                                                                                                                                                                             Autoria da Fotografia: Wederson Rogerio Machado

Quatrocentos anos mais tarde, depois de criada e instalada a Paróquia de Santo Antônio e confiada aos Religiosos Pavonianos (1951), o Bispo Dom José Joaquim Gonçalves incumbiu aos mesmos religiosos (1956) a tarefa de construir um Santuário a ser dedicado a Santo Antônio, que tinha sido conclamado Padroeiro da Cidade juntamente com Nossa Senhora da Vitória. Na época a comunidade estava estudando a construção de uma nova igreja paroquial no Bairro, devido ao fato de a velha Matriz não atender mais à demanda da população que tinha aumentado de maneira significativa.
Depois de vários estudos e pesquisas, optou-se por escolher, com a anuência do Bispo, como modelo para a nova igreja, o referido Templo de Nossa Senhora da Consolação de Todi.
Pe. Mateus Panizza, Pároco na época, conseguiu motivar e mobilizar a inteira população católica do bairro de Santo Antônio, fazendo com que todo mundo participasse com mutirões e doações para a empreitada, considerando-a como coisa própria, testemunho da própria fé.
Sob a responsabilidade do arquiteto Estanislau Zasbruen e a coordenação do mestre de Obras Sr. Benedicto Rosalém os trabalhos se iniciaram com a Bênção e Lançamento da Pedra Fundamental do Santuário de Santo Antônio  em 09 de dezembro de 1956.  Deu-se inicio à Construção do Santuário que, 15 Anos depois – 29 de Maio de 1971 – foi inaugurado oficialmente por Dom João Baptista da Mota e Albuquerque, Arcebispo de Vitória do Espírito Santo, mesmo que por volta do ano de 1967 a construção já imponente apresentava-se satisfatoriamente concluída e já funcional para as celebrações comunitárias.

Passando agora a olhar o Santuário podemos dizer que representa um dos poucos Templos de imitação da arquitetura religiosa renascentista no Brasil. Em Vitória a proposta de uma igreja  nesse estilo arquitetônico chega tardiamente, se consideramos que a maioria das construções que buscam referência na arquitetura europeia é datada  nas duas primeiras décadas do século XX. As cúpulas são elementos arquitetônicos de destaque no Santuário. Em Vitória temos poucos exemplos de construções com cúpulas centralizadas, utilizando os círculos e semicírculos: o Palácio Domingos Martins, do arquiteto italiano André Carloni e o Teatro Glória do alemão Ricardo Wright.

Autoria da Fotografia: Fábio Canhim

O estilo arquitetônico, formado por cúpulas, arcos, pilastras, paredes de concreto, tijolos e argamassa, e com ornamentações em gesso, desconhecendo por completo o uso do mármore com suas variadas aplicações, está bem longe da perfeição e harmonia do modelo clássico italiano em que se inspira. Contudo, não deixa de ser um dos raros e bem sucedidos casos de imitação desta arquitetura no Brasil. Atinge-se, assim um dos objetivos que a comunidade de origem italiana partilhava, mesmo sem verbalizá-la, que foi o desejo de ter um monumento que a aproximasse da sua terra natal com toda a religiosidade representada numa construção renascentista, embora longe da realidade cultural brasileira. Talvez, este sonho estivesse presente, também, nos religiosos italianos que projetaram e estiveram a frente da obra. Ao longo do tempo, tornou-se, sim, um monumento bonito, mas que pouco fala ao possível saudosismo dos filhos dos emigrados.
A base em forma de cruz grega torna o templo mais adaptado às exigências da liturgia participativa que o Concílio Vaticano II promoveu.
A perfeição simétrica das cúpulas, edificadas com material diferente do que era usado na Antiguidade e na Renascença provoca um severo problema acústico, hoje contornado e solucionado em parte com a colocação no interior das quatro cúpulas, de painéis absorventes às ondas sonoras.
A Prefeitura de Vitória, em 1994, presenteou o monumento com uma esplendorosa iluminação que funciona automaticamente e que nas horas noturnas projeta a silhueta do Santuário bem longe, parecendo um brinco que se espelha à beira-mar.

O Santuário de Santo Antônio possui 37,74 m. de altura até a ponta superior da cruz acima da lanterna, somando com os anexos e os pátios 2.575 m² e uma área no seu interior de 905m², incluindo as quatro salas internas, com um perímetro de 103,37m, comportando um total de 2.089 pessoas, sendo 656 sentadas. O interior do Santuário passou por várias modificações entre os anos 1980 e 2005 para adaptá-lo às demandas da Paróquia e corresponder em termos de liturgia, de pastoral, de acústica e de aclimatação às exigências locais. Efetivamente, ainda não conseguiu adaptar-se à verdadeira  finalidade que motivou sua construção: o de servir às exigências de uma Paróquia.

Estando no interior, ao centro, contempla-se o conjunto de obras que nos revela:

• O altar do Santuário, no meio da ábside, que é simples e elevado por alguns degraus, com a Pia Batismal à direita, e o ambão à esquerda. Antes ainda do termino da Obra em construção, na Trezena e festa de Santo Antônio de 1964, o templo ganha um grande presente: a expressiva escultura em peroba do Cristo moribundo na Cruz, no momento que dá o último clamor (… então Jesus deu outra vez um forte grito e entregou o espírito – Mt 27,50). A obra do escultor Carlos Crepaz, que a doou como recordação e agradecimento dos seus anos passados entre nós, encontra-se colocada ao fundo do Presbitério, emoldurada por um conjunto de placas, e medindo 4,60m de altura e 2,55m de largura.  Em cima, na semi-cúpula, os afrescos de Alberto Bogani, do ano de 1995, representando os santos, intitulados Heróis da Caridade. Uma luminosa hóstia, ao meio do elevado arco,  transmite a força  eucarística aos cinco personagens.

• A cúpula central que possui vitrais coloridos em forma de cruz, janelas voltadas para o ar livre e  revestida, ao interno, com forro acústico, sendo sustentada pelas ábsides, onde acima das pilastras encontramos os quatros evangelistas,  e nos arcos os quatro símbolos, pintados por Bogani sempre no ano de 1995.

• Na ábside do lado esquerdo, temos a escultura da Imaculada Conceição entronizada aos 08 de dezembro de 2009. A imagem mede 2,25m. de altura, esculpida em cedro pelos escultores Dinho Diniz e Álvaro Junior em policromia com revestimento em folhas de ouro de Thais Ingrid Liberato Rocha.

• No mesmo lado encontra-se a belíssima escultura em cedro de Nossa Senhora do Desterro, obra, também, do escultor Carlos Crepaz , colocada aqui depois que a Capela no morro do Cruzeiro, para a qual tinha sido feita, foi praticamente destruída por vandalismo.

• Na ábside do lado direito, temos a imagem de Santo Antônio, esculpida nas oficinas da Casa Sucena no Rio de Janeiro com aplicação de tinta especial e que foi adquirida em 1968 da Catedral Metropolitana de Vitória, devido ao fato que, na reforma da Catedral, foi, a mesma imagem, retirada de um dos nichos das paredes laterais.

• Nas duas semi-cúpulas também é utilizado o revestimento anti-eco.

Autoria da Fotografia: Marcus Kaschner Costalonga Seraphim

O Santuário possui 117 janelas, sendo que somente os que ficam na cúpula central e as que possuem vitrais decorativos contêm frontões triangulares. Há cinco portas de acesso para entrada e saída em toda a estrutura do Templo.
No interior do Santuário,  existem quatro anexos: a sacristia, a sala adaptada para Confessionário, a Capela do Santíssimo, a sala destinada ao Atendimento Administrativo e, ao lado delas, ficam as escadas que dão acesso aos andares de cima, – duas delas também ao coro, usado para corais e orquestras nas celebrações e festas, casamentos -, e ao terraço, de onde temos a vista estupenda de uma grande parte do Bairro e da cidade. Ladeando a edificação nos quatro setores, há, em cada um, salas disponíveis que objetivavam  áreas a mais destinadas a atividades ou depósitos do Santuário com a existência de janelas para que tudo fosse muito arejado.
Na parte externa a pintura, – sendo a base de camurça fosco, as cúpulas prateadas com alumínio alto brilho, a cor preta nas divisões horizontais da construção, um marrom mais avermelhado nas janelas, frontões e divisões verticais – contribuem a destacar a Basílica no panorama circunstante.

Os Vitrais
No final do ano de 1966, no Santuário concluiu-se o trabalho de colocação dos vitrais com a instalação das janelas todas historiadas. Foram realizados pela Arte Decorativa Ltda. de Curitiba. Eles foram doados por diversos segmentos da sociedade capixaba como a Prefeitura Municipal de Vitória, Associações e Entidades, pessoas e famílias da cidade e do bairro. Todos os vitrais são retangulares, dispostos na vertical e alocados na parte central das paredes da igreja, tendo como suporte uma estrutura de ferro com seis subdivisões horizontais e duas verticais, sendo as posicionadas nas extremidades aquelas que delimitam a moldura pintada no próprio vidro. Estas subdivisões, juntamente com o vidro feito de material dilatador, evitam as possíveis rachaduras propiciadas pelas constantes mudanças de temperatura. Portanto, ao observarmos os vitrais de perto em tempo de calor, verificamos as pinturas dilatadas ou estufadas para dentro da igreja, o que melhora no clima frio. Os vitrais são em número de vinte e possuem cores vibrantes e estilizadas com alternância entre claro e escuro, onde figuram elementos sacros de estilo tradicional, tendo como tema algumas passagens sobre a vida de Santo Antônio de Pádua (13), de Santo Ludovico Pavoni, de São José, da Cruz Redentora, do Coração de Jesus, de Nossa Senhora (02), do Espírito Santo.

Os vitrais da ábside do altar representam:
1. Santo Antônio que consola os desabrigados das enchentes, oferecido pelo Grêmio Ludovico Pavoni ;
2. Santo Antônio que distribui os pães aos necessitados, oferecido pela Família Bassini ;
3. Santo Antônio e o Menino Jesus , oferecido por Dante Três Cia. Ltda.;
4. Santo Antônio ouve as preces de pescadores em perigo, oferecido pela Distribuidora Mercantil SA;
5. Santo Antônio atende a um devoto mutilado , oferecido por Armando Mariani.

Os vitrais da ábside direita representam:
1. Devoto necessitado, sendo consolado por santo Antônio, oferecido pela Família Feu Rosa;
2. O Sagrado Coração de Jesus , oferecido pelo Apostolado da Oração e Cruzada Eucarística;
3. A Cruz Redentora glorificada de Jesus, oferecido pela Prefeitura Municipal de Vitória;
4. Nossa Senhora das Dores, oferecido pela Família Alexandre Buaiz;
5. Santo Antônio protege devoto do assédio do demônio, oferecido por Augusto Estellita Lins.

Os vitrais da ábside esquerda representam:
1. Santo Antônio cura um enfermo, oferecido  pelo Dr. Lucílio Sant’Anna;
2. São José e o Menino Jesus, oferecido por José Caetano Boina;
3. Santo Ludovico Pavoni e as crianças , oferecido pelo Praesidium Imaculata da Legião de Maria;
4. A Imaculada Conceição , oferecido em memoria de Dª Francisca Isabel Sarlo;
5. Devoto agradece Santo Antônio pela graça recebida, oferecido por Joaquim Calhau.

Os vitrais da ábside sobre a porta central, onde fica o coro, foram comprados com o dinheiro das Ofertas da Paróquia, mas em 2007 alguns foram restaurados e várias pessoas contribuíram para a restauração. Representam :
1. Santo Antônio visita e evangeliza um presidiário, o restauro foi pago pela Miúda = Odysseia Salles e vários paroquianos;
2. O milagre do jumento que deixou de comer a sua ração para adorar e ajoelhar-se diante da apresentação do Santíssimo , oferecido por Roberto Kautski & Cia.;
3. A pomba, símbolo do Espírito Santo ; o restauro foi pago por Mafalda Môro Sant’Anna;
4. Santo Antônio salva um devoto que é atropelado; o restauro foi pago por Edith Afonso Freire e Filhos;
5. Santo Antônio ministra a santa Unção a um enfermo; o restauro foi pago por vários paroquianos e colaboradores.

Autoria da Fotografia: Wemerson Corrêa Santos

No Santuário, já em 1995 tinha sido realizado um restauro em geral dos vitrais coloridos das janelas da cúpula central. Em  2007, procedeu-se ao restauro dos 20 vitrais, em particular dos  acima da porta central muito desgastados. Quem executou a obra foi a Vitrais e Restaurações Ltda. de Riedel Leite de Freitas, que já tinha trabalhado na Catedral da cidade.

As pinturas
No começo do ano de 1995 (800º ano do nascimento de Santo Antônio) e continuando com suas vindas nos anos de 1997, 1999 e 2002  foi a vez de o Santuário ganhar mais uma obra de arte. O mestre italiano, Alberto Bogani, artista de grande religiosidade, com a colaboração dos decoradores  Ercolino Borghi e Renzo Buonvicini, ofereceu  sua generosa contribuição, renovando totalmente a veste interior do templo.
Podemos  fazer uma panorâmica do trabalho realizado pelo pintor Alberto Bogani, que costuma usar a arte para transmitir  ideias e sentimentos e para fazer  uma catequese de fácil leitura e interpretação.
No  ano de 1995  Alberto pinta os santos da ábside, os evangelistas e os outros dois a decoração dos arcos. Em 11 de agosto de 1997  Bogani volta e realiza os quadros da Anunciação e do Pentecostes. Estará  ainda conosco em 1999 para pintar os quadros do Nascimento e da Ressurreição. Em 2002 ainda se encontra em Vitória para terminar o seu trabalho no Santuário: pinta na ábside os quadros da Última Ceia e da Crucifixão. O período em que os pintores permaneciam em Vitória era do final de junho até setembro, período das férias na Europa.
É o resumo, praticamente do Mistério da Encarnação e da Igreja  que ao longo da sua história  anuncia a Boa Nova, visando, em particular, os pobres, os pequenos e os excluídos.
Sustentando a cúpula encontramos quatro arcos. Bogani aproveitou para deixar ainda mais expressa em sua arte, a existência de sua fiel religiosidade. Partindo da entrada principal contempla-se no primeiro arco, o símbolo que mostra o nascimento da Igreja Católica Apostólica Romana através das chaves, recebidas pelo apóstolo Pedro. É o símbolo do Papado . Nos outros restantes, da esquerda para a direita, observa-se: 1º a insígnia que simboliza o A de Ave e o M= Maria, no arco da ábside de esquerda; 2º a insígnia que simboliza a Eucaristia: JHS = Jesus Hominibus Salvator – Jesus Salvador dos Homens – no arco da ábside do presbitério; 3º o Símbolo da Congregação dos Pavonianos FMI=Filhos de Maria Imaculada, no arco da ábside da direita .
Já na cúpula da ábside, acima do altar, avistam-se as testemunhas da Misericórdia de Deus, aqueles que vivenciaram, no tempo, a Palavra.
De esquerda para a direita: 1º São Vicente de Paulo; 2º uma Mãe, homenageando e retratando a mulher anônima e todas as mulheres que se tornarão mães, acolhedoras que são dos Filhos de Deus, e que merecerão a vida eterna; 3º São Ludovico Pavoni, o fundador dos Filhos de Maria Imaculada; 4º Madre Tereza de Calcutá; 5º São José de Anchieta, Jesuíta, Apóstolo do Brasil, e das terras do Espírito Santo, em particular, onde faleceu.
Abaixo destas representações, podem-se ler as palavras de convite de Jesus quando entraremos todos na sua casa: Vinde, benditos do meu Pai, possuí o reino que vos está preparado desde o princípio do mundo!
Uma luminosa hóstia  transmite a força  eucarística aos cinco personagens. Com essa força esses socorrem as misérias cinzentas de pobres, aleijados, doentes, índios, negros, crianças abandonadas, adolescentes de rua,… ganhando um glorioso triunfo impresso no esplendor da luz dos rostos.
A cúpula central possui vitrais com vidros coloridos apenas em forma de cruz, e é revestida com forro anti-eco, e acima das pilastras, nos pendentes que sustentam a abobada, encontramos os quatros evangelistas pintados por Bogani  a começar de João ao lado esquerdo da ábside central, depois temos Marcos, Mateus e Lucas.  Compondo vida, amor, morte, ressurreição, simbolizam, cada um, seus respectivos estilos e mensagens de cada evangelho que aparecem sob seus pés: Lucas com o símbolo do touro, João com o símbolo da águia, Marcos  com o símbolo do leão, Mateus com o símbolo do anjo.
A composição se dispõe nas paredes centrais do templo com a seguinte temática, a partir de esquerda:
A Anunciação (1999) Na Anunciação o Anjo revela a proposta do Pai: de Maria  se tornar a Mae de Jesus, o Filho de Deus, por obra do Espírito Santo. Maria deixa ao seu lado o cesto com os trabalhos com  os quais estava lidando. A Anjo dialoga com Maria, apontando para o símbolo do Espírito Santo em um banho de cores amarelos, sinais de pureza e divindade, e, ao mesmo tempo, parece  dar a resposta à pergunta de Maria, lembrando ser Ele mesmo que participará ao Mistério. Maria de braços abertos acolhe a proposta e, reclinando a cabeça, se professa serva do Senhor. O fundo celeste do quadro espalha serenidade e segurança .

                                                                                                                                                                         Autoria da Fotografia:Luciana Cabral Costa Santos

A  Natividade (1997). Na Natividade Nossa Senhora dá à luz o Menino Jesus. Vemos Maria, contemplando Jesus após tê-lo posto ao mundo. No quadro retratam-se as mulheres sofridas. Reporta-se à Mãe de Deus, o reconhecimento de sua virgindade, quando seu esposo José, de mãos postas, saúda a sua grandeza. Avista-se, também, o moço do submundo suplicando, preso da viga que o bloqueia. Seus desejos é de que o Espírito Santo o tire do abismo em que se encontra. A proposta de que o dom da fé lhe seja motivo para uma vida de fidelidade a Deus. Aos visitantes, o quadro passa a ter significativa fé em Deus por Maria: Eu creio!
A Última Ceia (2002) À esquerda na ábside do presbitério. Na Última Ceia encontramos duas intuições:
1ª Jesus instituindo a Eucaristia, contempla  o Pai para lhe falar. Deus, retratado  pelo Espírito Santo – sol acima – traz no seu interior  linhas amarelas que são artisticamente  imaginadas para mostrar a divindade do Salvador da humanidade. Na contraluz  – pintura sombreada/escura – observa-se Judas Iscariotes. Esta inversão da luz é para mostrar a intenção do apóstolo. Observa-se em sua mão esquerda o dinheiro recebido pela traição ao Mestre e a mão direita puxando a toalha para receber a comida antes dos outros companheiros. Expõe-se desta forma todo o egoísmo e o desprezo para com a solidariedade;
2ª as colunas que se veem, expressam a fé e o amor. Entende-se , portanto, Jesus, o Irmão Maior, doando o seu Corpo e Sangue em sintonia com o Projeto, os ideais do Pai, que o convoca para integrar-se no seio da Santíssima Trindade .
A Crucifixão (2002) à direita, na ábside do presbitério. Na Crucifixão Jesus morre num pé de madeira. A cruz não é de todo a madeira em si. Começa como madeira pelos pés, transformando-se  em luz até a sua cabeça. A faixa de luz traz a ideia de morte e sofrimento. Em Jesus compreende-se  a escolha, a crença e a realização de uma vida em e por amor. Ao fundo observa-se ladrões na penumbra. Figuram a angústia, o egoísmo, o desprezo, a traição, etc. logo entendemos que as cores mais escuras retratam a personalidade das personagens que não vivenciam as virtudes e a crença do homem fiel. De modo que a simbologia compõe a ironia e o deboche de descrentes como, por exemplo, o homem que joga dados para tirar a sorte grande, desejando possuir a túnica de Cristo. A mulher que sorri, zomba da morte e os que estão ao seu lado debocham do sofrimento daquele que veio ao mundo para salvar a Humanidade. Ao mesmo tempo pode-se visualizar  o povo bem-amado, sofrendo, como é o caso de Maria  Madalena. À sua frente, Nossa Senhora amparada por João, põe as mãos ao rosto. Seu desejo é o de abafar o grito de angústia: afinal, perdera tragicamente o Filho tão amado!
A  Ressurreição de Cristo (1997) no lado direito. Na Ressurreição à direita dois anjos localizam-se  na cabeça e pés  respetivamente da pintura. O chão quebradiço mostra que acontecera um terremoto. A representação , traduz o pecado em toda sua forma desprezível. O homem com a espada almeja a jovialidade – a imaginação nos leva ao encontro da velhice, porque ele tem medo da morte – e o outro vai ao encontro do abismo por não mais encontrar-se na fé em Cristo .

Santuário Basílica de Santo Antônio; escultura sobre a pia batismal em foque; cruz e altar no fundo

Autoria da Fotografia: Júlia Nunes Garcia

O  Pentecostes (1999) ao lado direito. No Pentecostes, Alberto não quis somente representar a Descida do Divino Espírito Santo sobre os Apóstolos e Maria, mas é uma pintura abstrata que quer representar o Sacramento da  Crisma. Acima contempla-se o sol, retratando a luz que ilumina a humanidade, preparando-se para a vinda do Senhor. Vê-se o fogo sobre a cabeça de cada individuo. Importa aí entender a sabedoria ilustrada pelas chamas. Contemplamos assim, através da imaginação, o forte vento representado pelas asas de uma borboleta. No centro está a Virgem Maria com crianças à espera da bênção de Deus .
Temos uma carta-diálogo de Alberto com Deus, daquele ano antes de voltar à Itália, e que bem descreve  a sua alma. Ele imagina que, com seu barquinho, está chegando perto de Deus, que lhe tinha pedido, há tempo,  um pouco de sua pintura… é por isso que te mandei pintar o Santuário de Santo Antônio!
E Alberto responde:
Compreendi tudo agora…, espera! Papai, estou chegando!
Está certo, nós precisamos de Ti e só de Ti.
No entanto com o coração cheio de lágrimas, lembrando, também, meus amigos Renzo e Lino, que hoje não estão aqui, vou Te dizer com estas pinturas, que Te amo.
Meu querido Pai, lembra-te de guardar com teu carinho todos os que querem viajar comigo, no meu barquinho.
Até logo, Papai!

Atrás do Santuário, acompanhando-o em sua forma circular, adaptando-se ao terreno, em uma espécie de subsolo, tendo como cobertura um terraço ao nível do piso do Santuário, e contornando o perímetro do mesmo, encontram-se várias salas, já incluídas no projeto inicial, que atendem a alguns dos múltiplos serviços da Paróquia.
Em 2003 foi construído ao lado esquerdo do Santuário um anexo com Secretaria, Banheiros, Lojinha e Cantina num estilo, infelizmente, completamente independente daquele do Santuário, mas com a preocupação de atender às necessidades dos serviços paroquiais e do mesmo Santuário.
Em 16 de setembro de 2008 o Arcebispo de Vitória, Dom Luiz Mancilha Vilela, comunica a honra ao Pe. Roberto e aos 26 de outubro numa solene celebração presidida pelo mesmo Dom Luiz Mancilha Vilela, e concelebrada pelo Bispo auxiliar Dom Mário Márquez, pelo Superior Geral dos Pavonianos, Pe. Lourenço Agosti, o Superior Provincial, Pe. Renzo Flório e por outros sacerdotes, o Santuário de Santo Antônio foi elevado ao título de Basílica Menor, com Decreto da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos de 11 de agosto, que concedia o Título e a Dignidade de Basílica Menor à Igreja-Santuário.
Em abril de 2010 o Santuário/Basílica recebe o Registro de Patrimônio Histórico Municipal. O Tombamento visa a preservação do imóvel, o que irá manter as caraterísticas originais, dando possibilidade de preservá-lo como importante monumento para a história da Cidade. Espera-se que se possa ter mais facilidade para captar recursos para a manutenção.
Permanece,  contudo, o problema do uso do imóvel em função de uma Paróquia, que deixa o conjunto como uma obra em aberto, devido ao fato de não se ter dado até o momento uma resposta satisfatória a esta exigência.

                                                                                                                                                                        Autoria da Fotografia:Luciana Cabral Costa Santos

Finalizadas  as pinturas, poderemos dar uma panorâmica das obras artísticas realizadas pelo pintor Alberto Bogani, artista de grande religiosidade, com a colaboração de Ercolino Borghi e Renzo Buonvicini.
Quem era o homem. Alberto Bogani nasceu em Límido Comasco na Itália, em 13 de fevereiro de 1935 e faleceu aos 12 de maio de 2016 em Como (Itália).
Quem era o pintor. Ele sempre achou que a sua escolha de ser pintor foi devido a uma força superior. A sua vida devia ser diferente: tornar-se religioso presbítero. Em Rio Bananal, onde em 1960 foi enviado para ter a possibilidade de refletir sobre sua vocação, encontrou-se com um desafio: as capelas do lugar precisavam ser enfeitadas para mostrar uma visão imediata da História da Salvação. Foi feito a ele o pedido, sabendo dos seus estudos, da sua capacidade e do seu amor pela pintura. No começo titubeou.  Naquele momento percebeu uma força interna que o incentivava a aceitar. De noite, diziam os irmãos da casa, fazia seus projetos e de dia historiava as capelas. Durante o trabalho percebeu que a sua missão evangélica podia e devia ser desenvolvida com outros meios expressivos. Os superiores o aconselharam a seguir este caminho, mesmo se ele recalcitrava; a pintura tornou-se a sua escolha de vida e ele entendeu que devia pregar com as cores a Vida, finalizada ao Cristo Redentor, enviado de um Pai Misericordioso, amante dos homens.
Além de ser professor de pintura em afrescos na Academia de Belas Artes ‘Aldo Galilei’ até o 1999, suas obras mais importantes se enquadram em motivos sacros feitos em afrescos na Itália, na Tunísia, aqui em Vitória e na Suíça. Na Tunísia, em Túnis, na igreja de Santo Agostinho a La Goulette; na Itália na Paróquia de Oggiono, na de São José de Cascina Rizzardi, na de Santa Inês em Milão, na de São Pedro e Paulo em Uboldo, na Igreja do Crucifixo em Désio, na de São Roque em Mariano Comense, na de São Vito em Lentate, na de Santo Estevão em Birone; e em muitas das Casas pertencentes aos pavonianos, e na Suíça na Paróquia de Faido.
No entendimento dele, o acrílico – pintura acrílica – é o material que mais utilizava, porque lhe oferecia condições para a técnica de misturar as cores, facilitando a construção de faixas e luzes que apareciam em seus quadros. As tintas neutras por ele escolhidas formam uma agradável moldura que favorece a contemplação das maravilhosas composições que ele nos presenteou.
Alberto domina bem a anatomia e na sua obra percebemos a perfeita sincronia entre os personagens. Seu estilo inconfundível reproduz figuras abstratas, onde  a fantasia viaja pela realidade, interiorizando  virtudes e desvirtudes  de seus personagens. O conjunto se baseia em uma composição robusta, de plasticidade escultural, É, à sua maneira, um neo-futurista, mesmo permanecendo fiel a uma figuração verista, iconográfica e iconológica. O abstrato acontece quando as linhas principais contornam todo o desenho, contribuindo para que  as faixas e luzes deem o toque sensível às pinturas. Mas futurista é a sua maneira  de cortar e coligar uma determinada cor para dar saliência a uma figura. Usa o entrelaçamento de linhas e deixa flutuar faixas coloridas. Com um jogo de faixas, extremamente transparentes, quase quisesse inventar, abrir e fechar janelas imaginárias, ou melhor, interligar idealmente a presença imaginária dos personagens, nenhum dele abandonado sozinho, todos participantes de um projeto discursivo unívoco e incindível, ele cria a ilusão de um grande pincel passado na parede e em cada movimento do pintor são extraídas as imagens. Estas lâminas luzentes não estorvam, ao contrário, vivificam o ambiente, tonificando de maneira estupenda o já luminoso cromatismo. As luzes e a policromia interagem em perfeita harmonia, e a técnica usada pelo artista consiste em colocar primeiro as cores de fundo e depois extrair delas as figuras que aparecem quase transparentes e envolvidas nas faixas de luz e escuridão ao mesmo tempo. Todo este aceso redemoinho, que parece  envolver e desorganizar a pintura, não infirma a limpeza gráfica. É muito seguro no risco e o sabe  exemplificar nas suas figurações, que nunca permanecem estáticas. Não são manequins, mas pessoas verdadeiras, como a realidade quer. Pessoas com sentimentos, paixões, alegrias, sofrimentos, dor, esperanças e Amor. Aquele Amor intenso que enobrece e permeia a obra toda de Bogani. Quando se observa a arte deste pintor contemporâneo, tem-se a impressão de que os personagens estão vivos, prontos para colaborar  com o visitante para quaisquer explicações. É a divina contemplação de personalidades, registrando suas presenças na terra!

                                                                                                                                                                                            Autoria da Fotografia:Roberto Ragozzino

Viajamos pelos espetáculos destes expressivos afrescos quando nos tornamos cumplices das suas fantasias!
O que fez para nós. Diante deste dom que a Paróquia recebeu, nos deparamos, admirados com o esplendor das mãos solenes deste artista, escorregando pelas paredes do templo, ora desenhando, ora pintando, ora orando, existindo em momentos de puro êxtase com o silêncio que combinou utopia e realidade.
A nobreza de sua arte desceu do Paraíso para parar na abóboda celeste do nosso Santuário!
Ao Alberto Bogani e a seus colaboradores Lino Borghi e Renzo Buonvicini, que durante madrugadas a fio expressaram suas artes vivificadas pelo amor de Deus, os agradecimentos de todos os paroquianos embevecidos pelo aroma das suas imaginações, combinando-as com a realidade e, por conseguinte, mostrando-nos que é possível sonhar pelas linhas da vida, sem que tenhamos de confrontamo-nos com os desenhos que o cotidiano, ás vezes, nos prepara.
A Paróquia fiel, guarda e revive também para os que nos visitarão, em seus quadros, a religiosidade e a cultura, naturais de sua essência humana. Que possamos ser de verdade fieis testemunhas na nossa vida desta fé que os quadros magnificamente professam!